Player FM - Internet Radio Done Right
Checked 24d ago
Dodano four lat temu
Treść dostarczona przez Marcella ☉☽ poesiaemgotas_podcast. Cała zawartość podcastów, w tym odcinki, grafika i opisy podcastów, jest przesyłana i udostępniana bezpośrednio przez Marcella ☉☽ poesiaemgotas_podcast lub jego partnera na platformie podcastów. Jeśli uważasz, że ktoś wykorzystuje Twoje dzieło chronione prawem autorskim bez Twojej zgody, możesz postępować zgodnie z procedurą opisaną tutaj https://pl.player.fm/legal.
Player FM - aplikacja do podcastów
Przejdź do trybu offline z Player FM !
Przejdź do trybu offline z Player FM !
Podcasty warte posłuchania
SPONSOROWANY
K
Know What You See with Brian Lowery


1 Spilling the Tea on Cross Culture Comedy: Jesse Appell’s Journey in China 29:42
29:42
Na później
Na później
Listy
Polub
Polubione29:42
In this episode, comedian and tea enthusiast Jesse Appell of Jesse's Teahouse takes us on a journey from studying Chinese comedy to building an online tea business. He shares how navigating different cultures shaped his perspective on laughter, authenticity, and community. From mastering traditional Chinese cross-talk comedy to reinventing himself after a life-changing move, Jesse and host Brian Lowery discuss adaptation and the unexpected paths that bring meaning to our lives. For more on Jesse, visit jessesteahouse.com and for more on Brian and the podcast go to brianloweryphd.com.…
Poesia Em Gotas
Oznacz wszystkie jako (nie)odtworzone ...
Manage series 2922919
Treść dostarczona przez Marcella ☉☽ poesiaemgotas_podcast. Cała zawartość podcastów, w tym odcinki, grafika i opisy podcastów, jest przesyłana i udostępniana bezpośrednio przez Marcella ☉☽ poesiaemgotas_podcast lub jego partnera na platformie podcastów. Jeśli uważasz, że ktoś wykorzystuje Twoje dzieło chronione prawem autorskim bez Twojej zgody, możesz postępować zgodnie z procedurą opisaną tutaj https://pl.player.fm/legal.
Marcella Saraceni é poeta, fotógrafa, redatora e entusiasta dos assuntos ligados a sexualidade, política e arte. Nasceu em uma família de pais homossexuais e desde nova percebeu que não cabia nas caixas sociais pré-moldadas. Para subverter a ordem e aprender a conviver com as perdas em sua vida, escreveu, encontrando na poesia uma fonte de força e coragem para expressar seu sentir. Na experimentação do corpo e das palavras, segue buscando novos caminhos e relações mais amorosas consigo e com o mundo. ____ link para compra de seu primeiro livro: https://editoraurutau.com/titulo/poesias-famintas
…
continue reading
63 odcinków
Oznacz wszystkie jako (nie)odtworzone ...
Manage series 2922919
Treść dostarczona przez Marcella ☉☽ poesiaemgotas_podcast. Cała zawartość podcastów, w tym odcinki, grafika i opisy podcastów, jest przesyłana i udostępniana bezpośrednio przez Marcella ☉☽ poesiaemgotas_podcast lub jego partnera na platformie podcastów. Jeśli uważasz, że ktoś wykorzystuje Twoje dzieło chronione prawem autorskim bez Twojej zgody, możesz postępować zgodnie z procedurą opisaną tutaj https://pl.player.fm/legal.
Marcella Saraceni é poeta, fotógrafa, redatora e entusiasta dos assuntos ligados a sexualidade, política e arte. Nasceu em uma família de pais homossexuais e desde nova percebeu que não cabia nas caixas sociais pré-moldadas. Para subverter a ordem e aprender a conviver com as perdas em sua vida, escreveu, encontrando na poesia uma fonte de força e coragem para expressar seu sentir. Na experimentação do corpo e das palavras, segue buscando novos caminhos e relações mais amorosas consigo e com o mundo. ____ link para compra de seu primeiro livro: https://editoraurutau.com/titulo/poesias-famintas
…
continue reading
63 odcinków
Minden epizód
×P
Poesia Em Gotas

eu queria adormecer em um botão de flor. sem afobação, vou ao mercado três da tarde comprar alface americana, embora prefira produtos locais. é terrível. terrível ter que explicar ironia. não quero ser a melhor em nada, mas tento não ser a pior também se for, paciência. como diz um amigo: “sejamos medianos”. não tenho sete vidas. vai ser nessa mesmo que arriscarei um poema mas não. não pularei de bungee jump. vivo com fome, tenho fixação pela boca e poesia me abre o apetite. no reino animal, é a leoa que sai pra caçar. eu, como mulher, felina e sozinha, vou lá e faço. mas prefiro que me peguem pela barriga. eu queria caminhar no teu sonho, mas ainda estou peregrinando pelo meu. sempre achei que morreria cedo e hoje acordo com uma coragem de viver 110 anos. sem a fo ba ção senão, não quero.…
P
Poesia Em Gotas

Trecho do livro “Navegação de Cabotagem: apontamentos para um livro de memórias que jamais escreverei” Tenho centenas de objetos inúteis, não me servem para nada, não posso viver sem eles. […] Nos aviões roubo guardanapos, talheres nos restaurantes, sobretudo colheres de café, nos hotéis recolho e levo para casa todo o material de banho e o que mais haja, meu acervo de sabonetinhos é digno de visita e vistoria pela quantidade e pela variedade intercontinental. […] O hábito dessas pequenas gatunagens eu o aprendi com meu tio Álvaro Amado, mão leve, por onde andava recolhia. Dormindo comigo na mesma cama há quase meio século, Zélia ainda não se conformou, até hoje torce a cara ao me ver enfiar no bolso o guardanapo com a rosa-dos-ventos, a dez mil metros de altura sobre o oceano.…
P
Poesia Em Gotas

Sei poucas coisas sei que ler é uma coreografia que concentrar-se é distrair-se sei que primeiro se ama um nome sei que o que se ama no amor é o nome do amor sei poucas coisas esqueço rápido as coisas que sei sei que esquecer é musical sei que o que aprendi do mar não foi o mar que só a morte ensina o que ela ensina sei que é um mundo de medo de vizinhança de sono de animais de medo sei que as forças do convívio sobrevivem no tempo apagando-se porém sei que a desistência resiste que esperar é violento sei que a intimidade é o nome que se dá a uma infinita distância sei poucas coisas…
P
Poesia Em Gotas

Eu vivo clandestina e não é mole essa vida clandestina Mas posso me orgulhar da qualidade da minha pele E da temperatura do meu beijo, eu quero fazer com você um pacto de delicadeza. Eu quero me sentir Alteza, para te ceder todos os músculos Será arbusto dos seus beijos Vamos sair esburacando a madrugada trocando beijos e tragadas A lua é uma lantejoula da Nasa que brilha leitosa no meu vestido estrelado…
P
Poesia Em Gotas

1 Necrológio dos desiludidos do amor - Carlos Drummond de Andrade 1:20
1:20
Na później
Na później
Listy
Polub
Polubione1:20
Os desiludidos do amor Estão desfechando tiros no peito Do meu quarto ouço a fuzilaria As amadas torcem-se de gozo Oh quanta matéria para os jornais Desiludidos mas fotografados Escreveram cartas explicativas Tomaram todas as providências Para o remorso das amadas Pum pum pum adeus, enjoada Eu vou, tu ficas, mas nos veremos Seja no claro céu ou turvo inferno Os médicos estão fazendo a autópsia Dos desiludidos que se mataram Que grandes corações eles possuíam Vísceras imensas, tripas sentimentais E um estômago cheio de poesia Agora vamos para o cemitério Levar os corpos dos desiludidos Encaixotados competentemente (Paixões de primeira e de segunda classe) Os desiludidos seguem iludidos Sem coração, sem tripas, sem amor Única fortuna, os seus dentes de ouro Não servirão de lastro financeiro E cobertos de terra perderão o brilho Enquanto as amadas dançarão um samba Bravo, violento, sobre a tumba deles…
P
Poesia Em Gotas

1 Maria do Rosário Pedreira - De que me serviu ir correr mundo 0:57
0:57
Na później
Na później
Listy
Polub
Polubione0:57
De que me serviu ir correr mundo, arrastar, de cidade em cidade, um amor que pesava mais do que mil malas; mostrar a mil homens o teu nome escrito em mil alfabetos e uma estampa do teu rosto que eu julgava feliz? De que me serviu recusar esses mil homens, e os outros mil que fizeram de tudo para eu parar, mil vezes me penteando as pregas do vestido cansado de viagens, ou dizendo o seu nome tão bonito em mil línguas que eu nunca entenderia? Porque era apenas atrás de ti que eu corri o mundo, era com a tua voz nos meus ouvidos que eu arrastava o fardo do amor de cidade em cidade, o teu nome nos meus lábios de cidade em cidade, o teu rosto nos meus olhos durante toda a viagem, mas tu partias sempre na véspera de eu chegar.…
P
Poesia Em Gotas

1 Quando deitamos para comer - Marcella Saraceni 1:07
1:07
Na później
Na później
Listy
Polub
Polubione1:07
gosto do som do meu nome saindo pela tua boca salgada “me adoça” você diz te envolvo no mel que escorre pelas pernas essa noite o mar vai virar rio teu riso: pólen dele me alimento e pouso em delicada flor dos lábios nosso romance tem cheiro de comida gostosa recém saída do forno me lambuzo da calda e enfio o dedo na sobremesa dos pratos onde comemos pouco me importam que fiquem largados que juntem formigas eu não vou observar de perto a passagem do tempo quero gastar a vida a provar sabores quero partilhar esse banquete com você ninguém vai nos servir. vai, come desse prato você pode repetir…
P
Poesia Em Gotas

1 Há metafísica bastante em não pensar em nada - Alberto Caeiro 3:57
3:57
Na później
Na później
Listy
Polub
Polubione3:57
Há metafísica bastante em não pensar em nada. O que penso eu do Mundo? Sei lá o que penso do Mundo! Se eu adoecesse pensaria nisso. Que ideia tenho eu das coisas? Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos? Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma E sobre a criação do Mundo? Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos E não pensar. É correr as cortinas Da minha janela (mas ela não tem cortinas). O mistério das coisas? Sei lá o que é mistério! O único mistério é haver quem pense no mistério. Quem está ao sol e fecha os olhos, Começa a não saber o que é o Sol E a pensar muitas coisas cheias de calor. Mas abre os olhos e vê o Sol, E já não pode pensar em nada, Porque a luz do Sol vale mais que os pensamentos De todos os filósofos e de todos os poetas. A luz do Sol não sabe o que faz E por isso não erra e é comum e boa. Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores A de serem verdes e copadas e de terem ramos E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar, A nós, que não sabemos dar por elas. Mas que melhor metafísica que a delas, Que é a de não saber para que vivem Nem saber que o não sabem? «Constituição íntima das coisas»... «Sentido íntimo do Universo»... Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada. É incrível que se possa pensar em coisas dessas. É como pensar em razões e fins Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão. Pensar no sentido íntimo das coisas É acrescentado, como pensar na saúde Ou levar um copo à água das fontes. O único sentido íntimo das coisas É elas não terem sentido íntimo nenhum. Não acredito em Deus porque nunca o vi. Se ele quisesse que eu acreditasse nele, Sem dúvida que viria falar comigo E entraria pela minha porta dentro Dizendo-me, Aqui estou! (Isto é talvez ridículo aos ouvidos De quem, por não saber o que é olhar para as coisas, Não compreende quem fala delas Com o modo de falar que reparar para elas ensina.) Mas se Deus é as flores e as árvores E os montes e sol e o luar, Então acredito nele, Então acredito nele a toda a hora, E a minha vida é toda uma oração e uma missa, E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos. Mas se Deus é as árvores e as flores E os montes e o luar e o sol, Para que lhe chamo eu Deus? Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar; Porque, se ele se fez, para eu o ver, Sol e luar e flores e árvores e montes, Se ele me aparece como sendo árvores e montes E luar e sol e flores, É que ele quer que eu o conheça Como árvores e montes e flores e luar e sol. E por isso eu obedeço-lhe, (Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?), Obedeço-lhe a viver, espontaneamente, Como quem abre os olhos e vê, E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes, E amo-o sem pensar nele, E penso-o vendo e ouvindo, E ando com ele a toda a hora.…
P
Poesia Em Gotas

1 Trecho de “Água viva” - Clarice Lispector 0:51
0:51
Na później
Na później
Listy
Polub
Polubione0:51
"E eis que depois de uma tarde de “quem sou eu” e de acordar à uma hora da madrugada ainda em desespero — eis que às três horas da madrugada acordei e me encontrei. Fui ao encontro de mim. Calma, alegre, plenitude sem fulminação. Simplesmente eu sou eu. e você é você. É vasto, vai durar. O que te escrevo é um “isto”. Não vai parar: continua. Olha para mim e me ama. Não: tu olhas para ti e te amas. É o que está certo."…
P
Poesia Em Gotas

Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo. Não é. A coisa mais fina do mundo é o sentimento. Aquele dia de noite, o pai fazendo serão, ela falou comigo: ‘coitado, até essa hora no serviço pesado’. Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente. Não me falou em amor. Essa palavra de luxo.…
P
Poesia Em Gotas

manhã de azuis intensos e de nuvens brancas na República domingo ontem alguém nasceu outro sumiu e de mim ninguém ficou sabendo mas ainda tenho um pouco de dinheiro graças a deus e coisas pra fumar e outras pra comer e uma rede pra deitar além da confiança no amor que dura ao menos dois dias na semana mas às vezes o mês se alonga e tem onda de calor pulgas, zika, muriçocas, câncer, Nubank e o diabo atenta e a gente peca e quem acredita em deus acha que ele perdoa e segue em frente e queima o tabaco decolonial num cachimbo meus amigos são triatletas, poetas, herois dos frilas zen, usam perfumes, de Fortaleza, e nos stories alguns fazem cinema; é o fim dos tempos sabemos mas os dengos ainda não doces e eu comprei goiabas na feira de sexta…
P
Poesia Em Gotas

quando estou triste ando na rua achando que todos sabem uma senhora me encarou por mais de dois minutos e eu tive certeza: ela está vendo minha dor na farmácia perguntaram se eu não queria levar um lenço umidecido que estava na promoção assim, do nada vou caminhando pelas ruas carregando minha tristeza como um cabelo que está preso, pesando minha cabeça não o amarro ou faço coques levo ele do jeito que está quando acordo e até sou capaz de sorrir uma, duas, três vezes... eu não esqueço da alegria e posso vê-la está ao alcance dos meus olhos mas não dos meus pés se vejo um banco na praça tenho vontade de sentar e questionar minha vida toda se me pedem desculpas respondo: “desculpa eu” se quase piso no rabo de um gato sou capaz de chorar infinitas banalidades me fazem chorar quando estou triste e para fazer compras no mercado, eu talvez use um óculos escuro só uso óculos escuro quando estou triste no sol não. no sol geralmente estou feliz copacabana. ruas lotadas de gente. passo chorando entre elas com um fone de ouvido escutando algo que não combina em nada com aquele cenário mas esse movimento todo me interessa andar chorando entre os pedestres que correm que não me enxergam é como um pequeno rio brotando no chão do asfalto quente é uma bandeira que diz (com som de sinere ao fundo) “eu me permito sentir” alguém está vindo em minha direção é um dos rapazes de roupas azuis do exército da salvação quase acho que vieram para me salvar “que pena” respondo à ele queria ajudar. mas hoje não, hoje estou triste.…
P
Poesia Em Gotas

eu durmo comigo/ de bruços deitada eu durmo comigo/ virada pra direita eu durmo comigo/ eu durmo comigo abraçada comigo/ não há noite tão longa em que não durma comigo/ como um trovador medieval agarrado ao alaúde eu durmo comigo/ eu durmo comigo debaixo da noite estrelada/ eu durmo comigo enquanto os outros fazem aniversário/ eu durmo comigo ás vezes de óculos/ e mesmo no escuro sei que estou dormindo comigo/ e quem quiser dormir comigo vai ter que dormir do lado…
P
Poesia Em Gotas

1 Minha cueca caiu do varal no meio da rua - Mila Teixeira 1:10
1:10
Na później
Na później
Listy
Polub
Polubione1:10
compro cuecas nas americanas apenas quando estão na promoção não pago mais de doze reais por unidade uso aquelas que parecem shorts qual é o nome comecei a usar pra que não vissem minha bunda por baixo das saias e vestidos aos poucos substituí as calcinhas tão desconfortáveis que sempre entram no meio da bunda as mais baratas então são de poliéster puro já minhas cuecas são de algodão macias lavei as cuecas e ao colocar no varal acabei deixando uma cair na rua desci pra buscar vi um senhor estava botando ela no bolso ele não entendeu quando pedi de volta e disse que era minha por estar de bom humor contei: só uso calcinhas em começos de namoro e olhe lá ele não me devolveu atravessou a rua balançando minha cueca agora uso um varal dentro de casa estou farta de mal-en…
P
Poesia Em Gotas

1 Recortes de “Para viver sem medo” - Eduardo Galeano 1:27
1:27
Na później
Na później
Listy
Polub
Polubione1:27
(…) Dizem que o mundo é feito de átomos. Está bem. “O mundo não é feito de átomos, o mundo é feito de histórias”, disse uma amiga. Eu acredito que sim, o mundo deve ser feito de histórias, porque são as histórias que a gente conta e escuta, recria e multiplica. São as histórias que permitem transformar o passado em presente, e também permitem transformar o distante em próximo. O que está distante em algo próximo, possível e visível. O mundo é isso, revelou: um monte de gente, um mar de foguinhos. Não existem dois fogos iguais. Cada pessoa brilha com luz própria, entre todas as outras. Existem fogos grandes e fogos pequenos, fogos de todas as cores. Existem pessoas de fogo sereno, que nem ficam sabendo do vento, e há pessoas de fogo louco, que enche e arde faíscas. Alguns fogos, fogos bobos, não iluminam nem queimam. Mas outros… outros ardem a vida com tanta vontade, que não pode olhá-los sem pestanejar. Quem se aproxima, se incendeia.…
P
Poesia Em Gotas

tinha uma bandeira na entrada da sua rua ela sinalizava que ali era um território perigoso nunca tive medo de encontrar um animal selvagem do barco afundar de ser engolida por uma grande onda saí correndo na noite escura pulei o muro da sua casa cheguei no jantar de aniversário do seu avô fundei um partido sem líderes mas com grandes ambições eu queria ir longe, baby muito longe e você queria cuidar da orquídea que crescia dentro de mim gritava saia da floresta vamos correr o mundo e o felino, selvagem, quieto só me olhava de longe…
P
Poesia Em Gotas

1 Estudo da tração na sutileza da diferença - Maria Isabel Iorio 0:45
0:45
Na później
Na później
Listy
Polub
Polubione0:45
1. uma mulher molhada sobre uma mulher molhada é audível, sólido 2. uma mulher sobre outra mulher não é preliminar é pré histórico 3. uma mulher para amar uma mulher é preciso comer com as mãos 4. uma mulher para amar uma mulher é preciso cortar as unhas 5. colar a trajetória no epicentro: uma mulher que ama uma mulher aprende a lamber as coisas por den- tro…
P
Poesia Em Gotas

Ser rebelde leva uma vida inteira, apagando os privilégios da pele, inscrevendo-se na solidão da discórdia, deixando para trás os usurpadores... Não há recompensa para uma rebelde além de poder regar as flores na hora certa, sair para alimentar os pássaros numa manhã em que o capital devora, sorrir com os dentes desgastados diante da desgraça do café da manhã, ficar sem teto na casa em que ninguém sonha. As rebeldes sabem do que são feitos os prêmios, rejeitam as migalhas lançadas pela mão do opressor. Uma rebelde tem a vida como única recompensa, porque ninguém se apropria dela, nela ninguém a usurpa, porque é o único terreno próprio de cada canto onde dorme. Sua rebelião sempre consegue encobrir o desânimo do progresso e se uma rebelde sente alegria na solidão, ela conquistou o mundo.…
P
Poesia Em Gotas

Produção musical, Arranjo e Saxofones: Dudu Rezende Produção musical e Mixagem: Beno Ibeas Masterização: Guilherme Lopes ___________________________________ após 30 anos caminhando ajoelhei aos pés da noite e disse cansei ali entreguei u m a por u m a todas as armas que empunhei contra mim de repente meu corpo era tomado por uma explosão de energia que nunca havia experimentado então não era um movimento externo era interno mesmo pensei naquele lugar fiz uma nascente onde correu rio por dias e dias ininterruptamente a noite observava tudo olhando sem espanto como se ja esperasse minha chegada como se dissesse você demorou o importante é que vim repetia internamente tentando manter a faísca acesa eu não podia esquecer porque fui até lá eu precisava sustentar todo o caos aos pés da noite uma montanha se levantava eram meus pedaços quando vão acabar? me perguntava meu grande desejo era que aquela explosão viesse com tudo que eu fosse vulcão por fora não aguentava mais erupçar por dentro eu olhava de frente pra morte e dava um beijo nela terno mas se despedida precisava conhecer a vida já conhecia a morte de muito perto já dormi com ela infinitas vezes precisava abrir espaço na minha cama pra ser visitada pelo sonho daqueles que você acredita que podem nascer enfim depois de semanas onde só se viu a escuridão o rio secou o sol apareceu sem vergonha nada mais poderia carregar vergonha encarei a luz e não me protegi deixei meus olhos arderem em brasa firme eu ainda não explodia mas sentia cada parte de mim aquecer borbulhar havia vida ali e eu sentia que ela era pra mim e…
P
Poesia Em Gotas

1 Aviso da lua que menstrua - Elisa Lucinda 2:44
2:44
Na później
Na później
Listy
Polub
Polubione2:44
Moço, cuidado com ela! Há que se ter cautela com esta gente que menstrua... Imagine uma cachoeira às avessas: Cada ato que faz, o corpo confessa. Cuidado, moço Às vezes parece erva, parece hera Cuidado com essa gente que gera Essa gente que se metamorfoseia Metade legível, metade sereia. Barriga cresce, explode humanidades E ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar Mas é outro lugar, aí é que está: Cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita.. Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente Que vai cair no mesmo planeta panela. Cuidado com cada letra que manda pra ela! Tá acostumada a viver por dentro, Transforma fato em elemento A tudo refoga, ferve, frita Ainda sangra tudo no próximo mês. Cuidado moço, quando cê pensa que escapou É que chegou a sua vez! Porque sou muito sua amiga É que tô falando na "vera" Conheço cada uma, além de ser uma delas. Você que saiu da fresta dela Delicada força quando voltar a ela. Não vá sem ser convidado Ou sem os devidos cortejos.. Às vezes pela ponte de um beijo Já se alcança a "cidade secreta" A atlântida perdida. Outras vezes várias metidas e mais se afasta dela. Cuidado, moço, por você ter uma cobra entre as pernas Cai na condição de ser displicente Diante da própria serpente Ela é uma cobra de avental Não despreze a meditação doméstica É da poeira do cotidiano Que a mulher extrai filosofando Cozinhando, costurando e você chega com mão no bolso Julgando a arte do almoço: eca!... Você que não sabe onde está sua cueca? Ah, meu cão desejado Tão preocupado em rosnar, ladrar e latir Então esquece de morder devagar Esquece de saber curtir, dividir. E aí quando quer agredir Chama de vaca e galinha. São duas dignas vizinhas do mundo daqui! O que você tem pra falar de vaca? O que você tem eu vou dizer e não se queixe: Vaca é sua mãe. de leite. Vaca e galinha... Ora, não ofende. enaltece, elogia: Comparando rainha com rainha Óvulo, ovo e leite Pensando que está agredindo Que tá falando palavrão imundo. Tá, não, homem. Tá citando o princípio do mundo!…
P
Poesia Em Gotas

1 Das vantagens de ser bobo - Clarice Lispector 3:37
3:37
Na później
Na później
Listy
Polub
Polubione3:37
O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: “Estou fazendo. Estou pensando.” Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia. O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não veem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os veem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski. Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranquilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu. Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: “Até tu, Brutus?” Bobo não reclama. Em compensação, como exclama! Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz. O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem. Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.…
P
Poesia Em Gotas

1 Costura: poema com “C” - Marcella Saraceni 1:44
1:44
Na później
Na później
Listy
Polub
Polubione1:44
Chega! Cansei Cá chegamos Caramba, como conseguimos? Cada coisa... Corações costurados, Conexões cortadas, Consciência? Coitada Ceifada como capim! Começamos como coelhos Café cama chamego Café cama chamego Café cama chamego Caminhamos... Crescemos... Criamos crianças cachorros calos Compramos carro casa cobertores Casamos Como cúmplices compartilhamos Canções calor choro cachaça Cambaleando Caímos Como continuar? Cantando Chico César Como costumávamos…
P
Poesia Em Gotas

Escute só, isto é muito sério. Anda, escuta que isso é sério! O mundo está tremendamente esquisito. Há dez anos atrás o Leon me disse que existe uma rachadura em tudo e que é assim que a luz entra, não sei se entendi. Você percebe alguma coisa da mistura entre falhas e iluminação? Aliás, me diga, você percebe alguma coisa de carpintaria? Você sabe por que meteram um boi naquele estábulo ao invés de um pequeno rinoceronte? Deve ter tido alguma coisa a ver com a geografia. Ou com os felizmente insolussionáveis mistérios que só podem vir do misticismo asiático. Um boi é um bicho tão… inexplicável. Ainda bem. O amor é um animal tão mutante, com tantas divisões possíveis. Lembra daqueles termômetros que usávamos na boca quando éramos pequenininhos? Lembra da queda deles no chão? Então, acho que o amor quando aparece é em tudo semelhante à forma física do mercúrio no mundo. Quando o vidro do termômetro se quebra, o elemento químico se espalha e então ele fica se dividindo pelos salões de todas as festas. Mercúrio se multiplicando. Acho que deve ser isso uma das cinco mil explicações possíveis para o amor. Ah é! Eu gosto de você. A luz entrou torta por nós a dentro, mas, olha, eu gosto de você! A luz do verão passado quebrou o vidro da melancolia e agora ela fica se expandindo pelas ruas todas. Desde aquele outro lado do Sol até esse tremendo agora. Hoje ainda faz bastante frio. As cinzas ainda não aterraram sobre as cabeças disfarçadas, tem gente batucando suor e cerveja pelas ruas de nossa cidade sul. Na cidade norte, há ondas de sete metros tentando acertar no terceiro olho dos rapazinhos disfarçados de cowboys. [suspiro] O mestre ainda não veio decretar o começo da abstenção e, olha, a luz ainda está conosco. Sim, o mundo está absurdamente esquisito. Já ninguém confia nas imposições dos prefeitos, a esta hora na terra é um tanto carnaval, um tanto conspiração, um tanto medo. Metade fé, metade folia, metade desespero. E, provavelmente, a esta hora, uma metade do mundo está vencendo e a outra metade dormindo, há ainda outra metade limpando as armas, outra limpando o pó das flores. Mas, por causa do que me ensinou o místico, eu acredito que exista, agora, alguém profundamente acordado. Alguém que esteja vivendo entre o intervalo tênue entre o sonho e a agilidade. Suponho que ele saiba perfeitamente que este começo de século será nosso batismo do voô para nossa persistência no amor.João molhou a testa de Manuel. Os gritos das ruas molham as testas de nossos corações. De que lado você está, eu não me importo! De que garfo você come, de que copo você bebe, que posto certo você escolhe, qual é seu orixá, seu partido, sua altura, de qual de suas cicatrizes cuida, que pássaro você prefere, quem é seu pai, qual é seu samba, Pinot noir ou Chardonay, que protetor você usa, qual é sua pele, seu perfume, qual político, quantos amores você sonha, em que Fernando, em que Ofélia, em que cinema, em que bandeira, em que cabelo você mora, qual dos túneis de Copacabana. Rezo para seus santos quando atravessar. É… é impossível viver no país de Deus. Isso eu te dou de barato. Mas, atravessar o gramado de Deus em bicicleta, isso não é impossível, não. Escuta, isso é sério! Andamos crescendo juntos, distraidamente. As árvores crescem conosco. Nossa pele se estende, nosso entendimento, teso, também. O século cresce conosco. O amor pelas ventas da cara do mundo, também. Quanto a um pra um entre nós dois, isso logo se vê. Não sei nada sobre a paixão, suspeito que você também não. Mas, começo a entender que o compasso da fé está mudando a passos largos. Dois pra lá e dois pra cá. Portanto, escute. Isto é muito serio! Isto é uma proposta aos trinta anos. Agora que o mercúrio assumiu sua posição certa, vem comigo achar o meu trono mágico entre a folhagem. E, no caminho até lá, vem dançar comigo, vem!…
Você não sabe? O amor de mãe ignora o amor-próprio como o fogo ignora os gritos sonoros daquilo que queima. Meu filho, mesmo amanhã você vai ter o hoje. Você não sabe? Alguns homens tocam seios como tocassem o topo de crânios. Homens que ultrapassam montanhas levando seus sonhos, seus mortos nas costas. Mas só uma mãe pode andar com o peso de um segundo coração que bate. Garoto tolo. Talvez você se perca em todo livro mas jamais vai se esquecer de si como deus esquece as próprias mãos. Quando alguém te perguntar de onde você é, responda sempre que o teu nome virou carne na boca banguela de uma mulher da guerra. Que você não nasceu que você rastejou, de cabeça — rumo à fome dos cães. Meu filho, responda que o corpo é uma lâmina que se afia cortando.…
P
Poesia Em Gotas

O preço do feijão não cabe no poema. O preço do arroz não cabe no poema. Não cabem no poema o gás a luz o telefone a sonegação do leite da carne do açúcar do pão O funcionário público não cabe no poema com seu salário de fome sua vida fechada em arquivos. Como não cabe no poema o operário que esmerila seu dia de aço e carvão nas oficinas escuras - porque o poema, senhores, está fechado: “não há vagas” Só cabe no poema o homem sem estômago a mulher de nuvens a fruta sem preço O poema, senhores, não fede nem cheira…
P
Poesia Em Gotas

1 Otto Rene Castillo - Intelectuais Apolíticos 2:08
2:08
Na później
Na później
Listy
Polub
Polubione2:08
Um dia, os intelectuais apolíticos do meu país serão interrogados pelo homem simples do nosso povo Serão perguntados sobre o que fizeram quando a pátria se apagava lentamente, como uma fogueira frágil, pequena e só. Não serão interrogados sobre os seus trajes, nem acerca das suas longas siestas após o almoço, tão pouco sobre os seus estéreis combates com o nada, nem sobre sua ontológica maneira de chegar às moedas. Ninguém os interrogará acerca da mitologia grega, nem sobre o asco que sentiram de si, quando alguém, no seu fundo, dispunha-se a morrer covardemente. Ninguém lhes perguntará sobre suas justificações absurdas, crescidas à sombra de uma mentira rotunda. Nesse dia virão os homens simples. Os que nunca couberam nos livros e versos dos intelectuais apolíticos, mas que vinham todos os dias trazer-lhes o leite e o pão, os ovos e as tortilhas, os que costuravam a roupa, os que manejavam os carros, cuidavam dos seus cães e jardins, e para eles trabalhavam, e perguntarão, "Que fizestes quando os pobres sofriam e neles se queimava, gravemente, a ternura e a vida?" Intelectuais apolíticos do meu doce país, nada podereis responder. Um abutre de silêncio vos devorará as entranhas. Vos roerá a alma vossa própria miséria. E calareis, envergonhados de vós próprios.…
P
Poesia Em Gotas

1 Receita para lavar palavra suja - Viviane Mose 3:10
3:10
Na później
Na później
Listy
Polub
Polubione3:10
Mergulhar a palavra suja em água sanitária. depois de dois dias de molho, quarar ao sol do meio dia. Algumas palavras quando alvejadas ao sol adquirem consistência de certeza. Por exemplo a palavra vida. Existem outras, e a palavra amor é uma delas, que são muito encardidas pelo uso, o que recomenda esfregar e bater insistentemente na pedra, depois enxaguar em água corrente. São poucas as que resistem a esses cuidados, mas existem aquelas. Dizem que limão e sal tira sujeira difícil, mas nada. Toda tentativa de lavar a piedade foi sempre em vão. Agora nunca vi palavra tão suja como perda. Perda e morte na medida em que são alvejadas soltam um líquido corrosivo, que atende pelo nome de amargura,que é capaz de esvaziar o vigor da língua. O aconselhado nesse caso é mantê-las sempre de molho em um amaciante de boa qualidade. Agora, se o que você quer é somente aliviar as palavras do uso diário, pode usar simplesmente sabão em pó e máquina de lavar. O perigo neste caso é misturar palavras que mancham no contato umas com as outras. Culpa, por exemplo, a culpa mancha tudo que encontra e deve ser sempre alvejada sozinha. Outra mistura pouco aconselhada é amizade e desejo, já que desejo, sendo uma palavra intensa, quase agressiva, pode, o que não é inevitável, esgarçar a força delicada da palavra amizade. Já a palavra força cai bem em qualquer mistura. Outro cuidado importante é não lavar demais as palavras sob o risco de perderem o sentido. A sujeirinha cotidiana, quando não é excessiva, produz uma oleosidade que dá vigor aos sons. Muito importante na arte de lavar palavras é saber reconhecer uma palavra limpa. Conviva com a palavra durante alguns dias. Deixe que se misture em seus gestos, que passeie pela expressão dos seus sentidos. À noite, permita que se deite, não a seu lado mas sobre seu corpo. Enquanto você dorme, a palavra, plantada em sua carne, prolifera em toda sua possibilidade. Se puder suportar essa convivência até não mais perceber a presença dela, então você tem uma palavra limpa. Uma palavra LIMPA é uma palavra possível.…
P
Poesia Em Gotas

Ontem meu peito chorava. Hoje, não. Também cansa a desventura. Também o sol gasta o chão. Estava ontem sozinha, tendo a meu lado, sombria, minha própria companhia. Hoje, não. Morreu de tanto morrer a pena que tanto vivia. Morreu de tanto esperar. Eu não. Relógios do tempo andaram marcando o tempo em meu rosto. A vida perdeu seu tempo. Eu não. Também cansa a desventura. Também o sol gasta o chão.…
P
Poesia Em Gotas

Uma gota de leite me escorre entre os seios. Uma mancha de sangue me enfeita entre as pernas Meia palavra mordida me foge da boca. Vagos desejos insinuam esperanças. Eu-mulher em rios vermelhos inauguro a vida. Em baixa voz violento os tímpanos do mundo. Antevejo. Antecipo. Antes-vivo Antes – agora – o que há de vir. Eu fêmea-matriz. Eu força-motriz. Eu-mulher abrigo da semente moto-contínuo do mundo.…
P
Poesia Em Gotas

1 Quando o crime vem como a chuva cai - Bertold Brecht 1:40
1:40
Na później
Na później
Listy
Polub
Polubione1:40
Como alguém que chega com uma carta importante ao guichê depois das horas regulamentares: o guichê já está fechado. Como alguém que quer advertir a cidade de um inundação: mas fala uma outra língua. Não o compreendem. Como um mendigo que pela quinta vez bate a uma porta onde já recebeu esmola quatro vezes: ele tem fome pela quinta vez. Como alguém cujo sangue lhe corre duma ferida e espera pelo médico: o sangue continua a correr. Assim vimos nós e relatamos que em nós se cometem crimes. Quando se relatou pela primeira vez que os nossos amigos era abatidos pouco a pouco, houve um grito de horror. Então foram abatidos cem. Mas quando foram abatidos mil e a matança não tinha fim, espalhou-se o silêncio. Quando o crime vem como a chuva cai, então já ninguém grita: alto! Quando os delitos se amontoam, tornam-se invisíveis. Quando as dores se tornam insuportáveis, já se não ouvem os gritos. Também os gritos caem como a chuva de Verão.…
Zapraszamy w Player FM
Odtwarzacz FM skanuje sieć w poszukiwaniu wysokiej jakości podcastów, abyś mógł się nią cieszyć już teraz. To najlepsza aplikacja do podcastów, działająca na Androidzie, iPhonie i Internecie. Zarejestruj się, aby zsynchronizować subskrypcje na różnych urządzeniach.