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Corpo em mutação é tema de mostra em Paris que reúne artistas da França e América Latina

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“La chair du tourbillon”, que pode ser traduzido como “o âmago do turbilhão” ou “o olho do furacão”, é uma exposição de fotografia coletiva que acontece em Paris, reunindo artistas francesas e da América Latina, sendo seis do Brasil. Descolonização do corpo, ecofeminismo e combate ao etarismo estão entre as propostas apresentadas por onze fotógrafes.

Patrícia Moribe, em Paris

La Ima é um programa de mentoria baseado em Paris. A ideia é acompanhar fotógrafes, mulheres a princípio, mas também da comunidade LGBTQIA+. E isso nos permite nos conectar com pessoas de todas as origens e também de todas as idades”, explica Oleñka Carrasco, à frente da estrutura La Ima, em Paris. "O objetivo é acompanhar esse grupo de artistas, para colocar no mercado de arte trabalhos que tenham relação com o gênero ou com o corpo, entendendo o corpo como uma coisa muito ampla”, acrescenta.

A curadora Ioana de Mello conta que uma primeira fase foi realizada só com artistas da América Latina. “E aí a gente descobriu que, na verdade, os diálogos ultrapassam fronteiras e são incrivelmente próximos. O que mulheres francesas e latino-americanas estão passando é muito próximo, então o diálogo se forma muito facilmente. Foi bonito ver isso.”

Uma das participantes é a fotografa brasileira Daniela Balestrin, que expõe “Thereza”, todo em técnica de cianotipia. “Thereza é o nome de minha bisavó paterna. Que durante décadas foi apenas referida como a mãe morta do meu avô. Seu nome foi silenciado. Eu desconhecia qualquer coisa a respeito dela que não fosse o fato de ter sido mãe e de ter morrido. Também desconheço qualquer imagem sua. E esse trabalho desenvolvi nessa busca, então, por essa minha ancestral”, conta a artista.

Já Simone Marinho trabalhou sobre os ciclos femininos. "O trabalho que eu apresento em Paris é sobre as experiências dos meus ciclos como mulher, tanto da minha relação com a menstruação, como com as gestações que eu tive, com a experiência do parto, do puerpério", explica Simone Marinho. "Também a experiência do aborto espontâneo que eu sofri e agora do climatério, fase que antecede a menopausa, marcando o fim dos ciclos menstruais. Então, quando eu me dei conta de que um ano depois do meu último ciclo esses ciclos não se repetiriam mais, eu resolvi registrar, por meio da fotografia, o meu próprio corpo", acrescenta.

O local de exposição é privilegiado, uma vitrine de esquina, com a prefeitura de Paris de um lado e o rio Sena do outro. “A gente brinca muito com o espaço, com a questão de ter essa vitrine, essas janelas enormes que dão para a rua e para uma rua super movimentada. Então tem os olhares de dentro para fora, de fora para dentro, os olhares para os olhares, para as mulheres”, explica a curadora Ioana Mello.

“Desde o início do programa, que começou em 2022, vemos que há uma busca por uma investigação real sobre as noções que estão relacionadas ao corpo e ao gênero. Também com o feminismo, com o ecofeminismo, com a descolonização do corpo. E quando falamos de transição, falamos de transição de gênero, mas também de transição etária, porque é muito importante ver que em La Ima tocamos num ponto que não se vê muito no mercado de arte, que é a questão do preconceito de idade, o etarismo”, explica Oleñka Carrasco.

“Abordamos a questão de ciclos, trabalhos que têm a ver com a menopausa, com a menstruação, com a maternidade. Isso diz respeito à metade da população mundial. São problemas que enfrentamos nos nossos próprios corpos, que é preciso poder disponibilizá-los para que o público possa ver esses modelos de representação”, acrescenta Carrasco.

Participam da exposição: Stéphanie Kowalski, Laurence Lebon, Simone Marinho, Marilene Ribeiro, Daniela Balestrin, Jennifer Cabral, Alessandra França, Franklin Garcia, Flavia Raddavero, Mezli Veja Osorno e Bella Tozini.

A exposição acontece nos Arches Citoyennes, em Paris.

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Patrícia Moribe, em Paris

La Ima é um programa de mentoria baseado em Paris. A ideia é acompanhar fotógrafes, mulheres a princípio, mas também da comunidade LGBTQIA+. E isso nos permite nos conectar com pessoas de todas as origens e também de todas as idades”, explica Oleñka Carrasco, à frente da estrutura La Ima, em Paris. "O objetivo é acompanhar esse grupo de artistas, para colocar no mercado de arte trabalhos que tenham relação com o gênero ou com o corpo, entendendo o corpo como uma coisa muito ampla”, acrescenta.

A curadora Ioana de Mello conta que uma primeira fase foi realizada só com artistas da América Latina. “E aí a gente descobriu que, na verdade, os diálogos ultrapassam fronteiras e são incrivelmente próximos. O que mulheres francesas e latino-americanas estão passando é muito próximo, então o diálogo se forma muito facilmente. Foi bonito ver isso.”

Uma das participantes é a fotografa brasileira Daniela Balestrin, que expõe “Thereza”, todo em técnica de cianotipia. “Thereza é o nome de minha bisavó paterna. Que durante décadas foi apenas referida como a mãe morta do meu avô. Seu nome foi silenciado. Eu desconhecia qualquer coisa a respeito dela que não fosse o fato de ter sido mãe e de ter morrido. Também desconheço qualquer imagem sua. E esse trabalho desenvolvi nessa busca, então, por essa minha ancestral”, conta a artista.

Já Simone Marinho trabalhou sobre os ciclos femininos. "O trabalho que eu apresento em Paris é sobre as experiências dos meus ciclos como mulher, tanto da minha relação com a menstruação, como com as gestações que eu tive, com a experiência do parto, do puerpério", explica Simone Marinho. "Também a experiência do aborto espontâneo que eu sofri e agora do climatério, fase que antecede a menopausa, marcando o fim dos ciclos menstruais. Então, quando eu me dei conta de que um ano depois do meu último ciclo esses ciclos não se repetiriam mais, eu resolvi registrar, por meio da fotografia, o meu próprio corpo", acrescenta.

O local de exposição é privilegiado, uma vitrine de esquina, com a prefeitura de Paris de um lado e o rio Sena do outro. “A gente brinca muito com o espaço, com a questão de ter essa vitrine, essas janelas enormes que dão para a rua e para uma rua super movimentada. Então tem os olhares de dentro para fora, de fora para dentro, os olhares para os olhares, para as mulheres”, explica a curadora Ioana Mello.

“Desde o início do programa, que começou em 2022, vemos que há uma busca por uma investigação real sobre as noções que estão relacionadas ao corpo e ao gênero. Também com o feminismo, com o ecofeminismo, com a descolonização do corpo. E quando falamos de transição, falamos de transição de gênero, mas também de transição etária, porque é muito importante ver que em La Ima tocamos num ponto que não se vê muito no mercado de arte, que é a questão do preconceito de idade, o etarismo”, explica Oleñka Carrasco.

“Abordamos a questão de ciclos, trabalhos que têm a ver com a menopausa, com a menstruação, com a maternidade. Isso diz respeito à metade da população mundial. São problemas que enfrentamos nos nossos próprios corpos, que é preciso poder disponibilizá-los para que o público possa ver esses modelos de representação”, acrescenta Carrasco.

Participam da exposição: Stéphanie Kowalski, Laurence Lebon, Simone Marinho, Marilene Ribeiro, Daniela Balestrin, Jennifer Cabral, Alessandra França, Franklin Garcia, Flavia Raddavero, Mezli Veja Osorno e Bella Tozini.

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